“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Mobensani projeta duplicar fatia de mercado até 2030

Arrojado plano baseia-se em estratégia e volume de concorrentes e inclui duplicar receita para seu primeiro bilhão em 65 anos de história, sendo 43 na família Azevedo

23/07/2025

Por Soraia Abreu Pedrozo

A Mobensani, fabricante de peças em metal borracha para suspensões com foco no mercado de reposição, há quinze anos vem ampliando seu faturamento em dois dígitos. Este ano, apesar das incertezas macroeconômicas, não será diferente. Houve redução da projeção de alta de 27% no primeiro semestre para 22%, mas, ainda assim, trata-se de expressivo crescimento. 

Simone de Azevedo Franzo, CEO de estratégias e sócia da empresa de autopeças instalada no bairro de Bonsucesso, em Guarulhos, justificou a revisão como efeito indireto do cenário econômico: “Cinco grandes clientes nossos diminuíram o estoque médio de noventa para sessenta dias, e por isto revisamos a projeção dada anteriormente, durante a Automec”.

Simone de Azevedo, CEO de estratégias da Mobensani
Simone Franzo, CEO de estratégias da Mobensani. Foto: Divulgação

Até junho, a propósito, o crescimento acumulado é de 30%, sendo que somente os lançamentos realizados recentemente representam 8% das vendas, contou o gerente comercial Júnior Santana. Ou seja: há mais veículos na frota circulante e, de acordo com ele, muita gente ainda faz apenas a primeira revisão na concessionária e as demais em oficinas mecânicas.

“Apesar do inevitável reflexo da crise econômica marcada pela alta dos juros a expansão da Mobensani está bem acima do mercado, de 8% a 10%”, disse Santana. A empresa se descola da média, acredita, por causa do foco em itens dedicados à suspensão e freio, essenciais, portanto, à segurança veicular, o que é facilitado pelas condições precárias de estradas e pela desaceleração da venda de veículos 0 KM, o que reforça a manutenção de usados.

É aí que mora a estratégia da fabricante de 3 mil itens como coxins de câmbio, coifas de amortecedor e buchas de suspensão que atendem ao aftermarket de carros de passeio, caminhonetes e VUCs.

Hoje com fatia de 32% do mercado a Mobensani tem como seus principais concorrentes a Sampel e a Axios, com fatias semelhantes, restando menos de 10% para os produtos importados que, segundo Carvalho, oferecem garantia de três meses contra de um ano da fabricante nacional.

No ano passado a participação de mercado era de 28% e, em 2030, a ousada meta é responder por 65%, ou seja, dobrar sua fatia:

“Também dobraremos o tamanho da empresa nos próximos cinco anos”, afirmou Azevedo Franzo. “Uma das nossas principais concorrentes, mais conhecida globalmente, tem apenas quinhentos itens no portfólio do segmento em que trabalhamos. Então a ideia é realmente trabalhar para ganhar seu mercado”.

Como consequência o faturamento, para o qual o plano é que alcance R$ 500 milhões até o fim do ano, deverá também dobrar rumo ao seu primeiro bilhão nos próximos cinco anos, quando a história da empresa completará 65anos, sendo 43 na família Azevedo.

Amir de Azevedo, presidente da Mobensani. Foto: Soraia Abreu Pedrozo

É preciso sempre estar um passo à frente

Sobre o plano aplicado para crescer dois dígitos por ano o presidente Amir de Azevedo – sócio de grupo que, em 1987, adquiriu a empresa –, químico de formação e criador da fórmula da borracha usada em seus produtos, que tem sua primeira etapa processada pela Zanaflex, disse que neste meio não há espaço para acomodação, e é preciso sempre estar à frente da concorrência.

“Se eu não lançar o meu concorrente lança. E então eu começo a perder mercado”, observou o empresário de 84 anos que acompanha de perto todo o processo produtivo e pelas mãos de quem passa todo novo item antes de ser fabricado. Por ano a empresa realiza média de 130 lançamentos.

Nas palavras de sua filha, Simone, “o mercado de reposição é muito rápido, e nós também”. A opção da empresa por não fornecer a montadoras, mas somente ao aftermarket, se baseia na premissa de pulverizar ao máximo os clientes e evitar concentrações e, “por isto dizemos que o ramo em que trabalhamos é o último a entrar em crise e o primeiro a sair dela”.

Durante visita à linha de produção da Mobensani na quarta-feira, 23, o engenheiro de vendas Diego Barco contou que a fabricante compra peças originais nas concessionárias e as testa até a fadiga para entender seu funcionamento. E, então, passa a produzi-la.

“Nós já temos o coxim do Citröen Basalt”, contou, referindo-se ao lançamento do SUV cupê realizado em outubro que já tem peças de reposição vendidas. O próximo passo é preparar-se para o Volkswagen Tera: “Se sabemos que tem potencial de venda nos antecipamos e fazemos o lançamento, e a rede compra”.

O plano, agora, é começar a estudar os veículos chineses que serão produzidos localmente, e ampliar a fatia de exportações, hoje em 5% da produção de 20 milhões de unidades – cujo objetivo é ampliar para 25 milhões este ano – para 10% em dois anos.

O gerente comercial contou que a empresa tem o plano de expandir os horizontes para além do Mercosul e México e exportar para os Estados Unidos, o que pode incluir, futuramente, planos de montar um centro de distribuição na Flórida: “Com o tarifaço, porém, por um lado o país voltou os olhos para outros fornecedores, inclusive os brasileiros, mas, por outro, com esta promessa de sobretaxação de 50% nos nossos produtos a partir de agosto, congelamos estes planos.”

Júnior Santana, gerente comercial da Mobensani. Foto: Soraia Abreu Pedrozo

“Fazer o que sabemos fazer”

Parte dos resultados da Mobensani também se baseia no fato de, além de investir constantemente em melhorias e automação – somente este ano está sendo feito aporte de R$ 25 milhões –, se concentrar em fazer no que tem know-how: “Temos de fazer o que sabemos fazer”, disse o patriarca dos Azevedo, que divide seu tempo pela fábrica e por sua fazenda produtora de café em Guaxupé, MG.

O produto hoje é dedicado à exportação e também ao abastecimento da fábrica, além de presentear fornecedores e clientes. Além de render recursos para investir na empresa de autopeças. E faz parte dos planos de Simone levá-lo ao varejo ainda no segundo semestre.

Durante a visita à fabrica saltou aos olhos a quantidade de mulheres na linha de produção, em todos os setores, não só nas áreas de montagem, embalagem e expedição mas também na vulcanização, ferramentaria e estamparia. Dos 578 funcionários 30%, ou 174, são mulheres.

Fonte: AutoData

Informes

Abrir bate-papo
SincoPeças - SP
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?