É redundante começar um texto sobre um modelo da Land Rover tecendo comentários sobre luxo e conforto. Também se faz necessário ressaltar que é óbvio ululante dizer que o preço cobrado por um produto da marca de origem britânica é para poucos. No entanto, no caso do novo Range Rover não tem jeito. Por isso, este repórter prefere expurgar os clichês logo de cara: o utilitário esportivo é um deleite para os ocupantes, mas pede mais de R$ 1 milhão por isso.
A Land Rover diz que, ao menos no Brasil, os compradores da nova geração do Range Rover optam por guiar o carro. Dirigir o SUV, aliás, é uma delícia – e eu chegarei lá. Antes disso, contudo, é preciso enaltecer o conforto do qual os passageiros dispõem, especialmente no banco de trás.
As boas-vindas do novo Range Rover

Os assentos revestidos de couro são primorosos no quesito ergonomia. Entre eles, há apoio de braço de ótima qualidade, que tem, além de porta-copos, tela tátil. Por ela, passageiros podem controlar climatização e ativar função que lhes propicia mais de um tipo e de massagem.
E tem mais: caso não haja ocupante no banco dianteiro à direita do condutor, é possível reclinar a poltrona e, de lambuja, ganhar um descanso para os pés. Assim, o utilitário esportivo de luxo faz chorar aqueles que viajam nas classes econômicas das companhias aéreas, acanhados como sardinhas enlatadas.
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Além de toda essa vida fácil, vida mansa, quem vai atrás no novo Range Rover tem ainda à disposição telas sensíveis ao toque de 11,4 polegadas e alta definição. Ambas são operadas de modo independente e suportam, de acordo com a Land Rover, conexão com a maioria dos dispositivos com porta HDMI. Ou seja, dá para curtir uma partida de videogame e até mesmo maratonar a série favorita durante o trajeto.
Ao volante do novo Land Rover Range Rover

A reportagem de Automotive Business guiou duas configurações distintas do novo Land Rover Range Rover: uma equipada com motor 3.0 turbo de seis cilindros em linha a diesel híbrido leve e outra com belo V8 4.4 a gasolina com taxa de compressão “no jeito”, de 10,5:1.
A transmissão, no caso, é a mesma, automática de oito velocidades. Preços? R$ 1,28 milhão e R$ 1,33 milhão, respectivamente.
No trecho de ida, foi possível sentir todo o ímpeto do novo Range Rover equipado com motor V8. Ele rende 530 cv de potência e mais do que generosos 76,5 kgfm de torque, já liberados ali na casa de 1.500 rpm. Com este propulsor, a massa de 2,58 toneladas é movida sem problema algum. O peso do utilitário sequer faz cócegas no bom desempenho.
Não à toa, de acordo com o fabricante, o SUV faz o 0 a 100 km/h em 4,6 segundos – algo comprovado pelo autor do texto. Vale destacar que, tal qual esportivos mais, digamos, tinhosos, o Range Rover incita o condutor a cometer o pecado de abusar do pedal do acelerador. Sorte deste repórter que o modelo dispõe de controle de cruzeiro adaptativo e assistente de direção.

Já quando equipado com motor 3.0 a diesel, o novo Range Rover tem dinâmica pouco mais comedida. Nada, porém, que seja motivo de reclamação. Até mesmo porque, do alto de seus 350 cv e 71,4 kgfm, o propulsor se mostra muito capaz e, desculpe a cacofonia, faz com que as 2,50 toneladas cheguem aos 100 km/h em 6,1 segundos.
Na configuração a diesel, importante destacar o funcionamento do automóvel sem as típicas vibrações dos motores do tipo. Outro ponto a ser valorizado, e isso vale para as duas configurações, é o silêncio no habitáculo. Isso se dá por meio dos 35 alto-falantes da Meridian, que reproduzem sinal de cancelamento de ruídos externos. Evidentemente que uma coisa ou outra, como o roncar do motor V8, invade a cabine.
Nem tudo são flores?

Pois é. É difícil tecer linha negativa acerca do novo Land Rover Range Rover. A posição de dirigir é muito boa e o condutor tem painel de instrumentos com tela de 13,7” com inúmeras informações à disposição. Além disso, conta ainda com a central multimídia Pivi Pro, com tela de alta resolução de 13,1” que funciona como música e permite com que o motorista configure inúmeras funções do veículo.
Pensei, antes de dirigir o veículo, que seu calcanhar de Aquiles pudesse ser as rodas de 23 polegadas. No entanto, nas curvas, a suspensão pneumática faz as vezes e impedem rolagem excessiva da carroceria. Isso sem contar o eixo traseiro esterçante, que ajudam a manter o SUV ainda mais no prumo.
Óbvio, claro, que não se pode abusar. O Range Rover é um mamute de mais de 2,5 toneladas, 5 m de comprimento, 2,99 m de entre-eixos, 2,2 m de largura e 1,87 m de altura. As dimensões evidenciam que trata-se de um verdadeiro SUV, e não de um esportivo nato capaz de entrar em curvas fechadas colado no asfalto tal qual um kart.
Novo Range Rover: Veredito

Em suma, não dá para salpicar veneno na nova geração do Land Rover Range Rover. O design segue praticamente o mesmo, mas agrada a gregos e troianos. Desempenho e conforto são absolutamente impecáveis. Nem o preço pode ser digno de pedradas, já que o veículo atende a um nicho muito específico do mercado.
Nicho este que não se incomoda com cifras. Tanto é que, segundo a Land Rover, 477 clientes ávidos pela novidade já declararam interesse no modelo. Ainda de acordo com a empresa, 50 unidades serão entregues ainda este ano.
Versões híbridas (PHEV) e elétricas (BEV) já foram prometidas para 2023 e 2024. Nem aportaram por aqui e já têm interessados, que nem se preocupam em perguntar por quanto sairá a “brincadeira”.
Não à toa, a Land Rover oferece, para a configuração First Edition, pintura dourada que atende sob a alcunha de Sunset Gold Satin. Opcional, a cor sai por R$ 51 mil. Agora, este repórter emendará, assim como no parágrafo inicial, outro clichê: R$ 51 mil não são nada para quem compra um veículo de mais de R$ 1 milhão. O montante, para esse grupo, é o famigerado troco do pão.
Fonte: Automotive Business