Por falta de peças, Stellantis prepara lay-off para fábrica de Betim

Por falta de peças, Stellantis prepara lay-off para fábrica de Betim

Medida aprovada pelos trabalhadores pode durar de dois a quatro meses (Bruno de Oliveira, AB)

A Stellantis prepara lay-off, que é a suspensão dos contratos de trabalho, para a fábrica de Betim (MG), onde produz os modelos Fiat Mobi, Uno, Argo, Strada, Grand Siena e Doblò. A medida, aprovada pelos trabalhadores da unidade em assembleia, pode envolver até 6,5 mil funcionários da unidade e durar de dois a quatro meses.

Segundo a montadora, ainda está em estudo a data de aplicação da ferramenta trabalhista, e o anúncio deverá ser feito esta semana. De acordo com a legislação brasileira, uma vez definido o acordo com os funcionários a empresa passa a ter prazo de um ano para executar o lay-off. Neste caso específico da Stellantis, a razão para negociar a suspensão dos contratos é a falta de componentes nas linhas da unidade.

A Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, é a terceira que mais perdeu produção em 2021 por causa da falta de semicondutores, mas em nível muito abaixo das concorrentes. No período a empresa precisou reduzir o ritmo nas linhas, mas não precisou fazer interrupções totais. Com isso, passou a liderar com folga o mercado brasileiro em boa parte do ano.

Desde que eclodiu a pandemia, a empresa paralisou a produção na unidade por 48 dias entre abril e maio de 2020. Em abril deste ano, concedeu dez dias de férias coletivas para parte dos funcionários da fábrica, 1,9 mil trabalhadores do segundo turno da linha de montagem. Em agosto, a falta de componentes levou a empresa a promover paralisação de um turno da unidade por dez dias.

No acordo aprovado pelos trabalhadores de Betim está garantida a integralidade dos salários durante o tempo de lay-off adotado para funcionários que recebem até R$ 3,5 mil. Haverá reduções nos salários acima deste piso. Os planos médicos seguirão válidos e haverá pagamento de R$ 70,00 para custear a internet dos funcionários, que terão de participar de programa online de capacitação profissional.

O desabastecimento de semicondutores tem se tornado um problema de escala global, que tem preocupado as lideranças de todas as montadoras do mundo, que ainda não sabem quando a crise deve acabar. Alguns especialistas do setor automotivo estão prevendo que essa escassez pode se estender por anos, como afirmou uma reportagem da agência Automotive News (leia aqui).

A Stellantis não é a única que tem enfrentado no Brasil a falta de insumos, especialmente semicondutores, que são usados nos microprocessadores veiculares. A Honda chegou a paralisar suas atividades em duas oportunidades este ano, enquanto a GM foi atingida de maneira mais severa, tendo que suspender de março até metade de agosto a produção do Chevrolet Onix em Gravataí (RS).

Fonte: Automotive Business

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