“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

O que esperar das marcas chinesas para 2025

03/01/2025

Leapmotor é uma das marcas chinesas que chegarão ao Brasil em 2025

Início de produção local e estreia de novas empresas estão no cronograma

Por Fernando Miragaya e Vitor Matsubara

O ano de 2024 ficou marcado pela chegada de novas marcas chinesas ao Brasil. Zeekr, Neta e GAC se somaram às conterrâneas BYD, GWM e Omoda Jaecoo, que já estavam no país, e avançaram em suas operações.

Esse time ainda teria o reforço da Leapmotor, que, por ora, adiou o início das atividades no país para 2025.

Com tantas montadoras (e outras que ainda podem vir para cá), traçamos um panorama do que se pode esperar das marcas chinesas para o ano que se aproxima.

BYD e GWM devem fazer carros no Brasil

Das marcas que já estão estabelecidas no país, duas delas prometem iniciar a produção de carros em 2025.

A BYD pretende fabricar seu primeiro veículo em Camaçari (BA) até o fim do primeiro trimestre. Os modelos Dolphin Mini e Song Pro foram os escolhidos para inaugurar a linha de montagem, inicialmente no regime SKD, de semi knocked-down – no qual base e carroceria são importadas montadas e o veículo é finalizado aqui.

Já a GWM promete iniciar a produção dos primeiros pré-série em Iracemápolis (SP) antes do término do primeiro semestre. Além do Haval H6, outros três modelos serão fabricados no Brasil.

A Neta, por sua vez, permanece como uma incógnita. Embora também tivesse manifestado intenção de fabricar carros por aqui, a empresa só iniciou suas operações no fim do ano passado – e com três meses de atraso em relação ao cronograma inicial.

Seis marcas chinesas devem estrear em 2025

Nada menos do que outras seis fabricantes chinesas estão prontas para começar as operações no Brasil em 2025.

A Stellantis já confirmou a estreia da Leapmotor no país. O início das atividades deve ocorrer no primeiro trimestre com o SUV C10, cujo motor elétrico entrega 220 cv e 32,6 kgfm de torque. O compacto T01, que também seria vendido no Brasil, não virá mais.

A GAC também começará a vender carros no país, mas entre o fim do primeiro semestre e o começo do segundo. A promessa é de comercializar 7 modelos e os chineses não descartam erguer mais de uma fábrica por aqui.

Dois retornos estão previstos para ocorrer em 2025. A MG Motor deve voltar ao mercado brasileiro, agora pelas mãos da própria SAIC – dona da marca originalmente inglesa desde 2007. Anteriormente, a MG esteve no país pelas mãos da uma importadora entre 2011 e 2013.

A Geely, que chegou a ser representada pelo Grupo Gandini de 2014 a 2016, também prepara o regresso ao país. A marca, inclusive, já registrou um de seus modelos no INPI.

A Polestar, marca de carros elétricos esportivos controlada pela Geely e que tem parentesco próximo com a Volvo, também pode pintar por aqui em 2025. A própria empresa já confirmou a intenção de vender carros no Brasil.

Por fim, a Wuling deve debutar no mercado brasileiro, mesmo que sem estampar sua logomarca nos carros. Isso porque a empresa é controlada pela General Motors, que vem testando alguns veículos e poderia até vendê-los com a marca Chevrolet.

Para o consultor automotivo Milad Kalume Neto, toda essa concorrência e chegada de novas marcas é bem-vinda. Desde que seja leal e benéfica para o consumidor.

“Essas chinesas são apenas algumas das outras quase 10 marcas potenciais que podem chegar aqui”, diz

Novas marcas podem melhorar situação para o consumidor

Milad afirma que nem todas as marcas chinesas vão cumprir com as (ambiciosas) metas estabelecidas por elas mesmas. De toda maneira, o consultor torce para que as novas entrantes possam atender aos anseios do consumidor.

“É claro que, se todas (as montadoras) cumprissem com a participação de mercado almejada por elas, o mercado deveria ter 150% ou 160%. A ‘pizza’ é única e parte dela será mordida pelas chinesas. Quem sofrerá serão as (montadoras) tradicionais”.

Apesar disso, o consultor automotivo faz um alerta.

“Precisamos ter marcas que tenham atenção com o brasileiro e que não sejam apenas oportunistas querendo se aproveitar de nosso país – e isso vale para qualquer empresa que queira vir ao Brasil, seja chinesa ou não”, complementa o consultor.

Mais marcas chinesas devem vir para o Brasil

Fernando Trujillo, consultor da IHS Markit, diz que a tendência é que cada vez mais marcas chinesas desembarquem no Brasil.

“Muitas OEMs chinesas estão tentando expandir globalmente, principalmente no mercado de elétricos e híbridos. E o Brasil se mostrou um mercado interessante visto o sucesso da BYD e Great Wall, além das projeções de crescimento do mercado interno”, afirmou, em entrevista à Automotive Business.

No entanto, o próprio panorama do segmento de carros elétricos pode atrapalhar os planos de crescimento dessas montadoras.

“A maioria dessas empresas vai tentar aumentar sua participação de mercado, mas alguns fatores podem atrapalhar os planos. Um deles é o próprio segmento (de veículos elétricos), que é limitado por motivos como o alto custo da tecnologia, a falta de subsídios do governo (para estimular a venda) e os baixos investimentos em infraestrutura de recarga”.

Entre as medidas necessárias para almejar uma operação estável no país, Trujillo afirma que estruturar uma rede de concessionárias é um dos pilares para garantir o sucesso de uma montadora novata.

“Rede de distribuição e pós-vendas são pontos críticos para os consumidores. É necessário realizar um alto investimento para desenvolver uma rede de concessionárias com áreas de pós-vendas e ainda capacitar a mão de obra. Se as marcas não desenvolverem (a rede) da forma apropriada, sem dúvidas isso levar ao fracasso”, prevê o consultor.

Carros híbridos podem garantir sucesso de marcas chinesas

O analista de mercado acredita que as montadoras que apostarem nos carros híbridos em vez de partirem diretamente para os elétricos terão chances maiores de prosperarem por aqui.

“Os carros elétricos vão ter um mercado limitado, inclusive porque os híbridos flex vão ter mais benefícios fiscais que os BEVs e são mais apropriados para o nosso mercado devido à falta de infraestrutura de recarga”.

Trujillo nega que o mercado chinês esteja estagnando e diz que a nova “invasão chinesa” em países como o Brasil é, na realidade, parte do plano de crescimento das montadoras de lá.

“Na verdade (o mercado chinês) não está estagnando, mas a taxa de crescimento está sendo menor do que no passado. Eles estão ganhando muito mercado interno também em cima das concorrentes ocidentais, então não se trata de um problema de expansão local”, explica.

“O que as empresas chinesas estão tentando é ganhar mercado fora da China como estratégia de expansão global, assim como as rivais do Ocidente fizeram no passado”, conclui.

Fonte: Automotive Business

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