A mesma tecnologia que viabiliza as transações de Bitcoin tem sido adotada em diferentes mercados, do logístico à gestão de estoques nas lojas e serviços de registro de documentos
Explicar o que é Blockchain pode ser meio confuso, mas a tecnologia é, basicamente, uma arquitetura de banco de dados, que registra informações digitais, uma espécie de grande “livro contábil” que possui registros espalhados numa rede de computadores.
Neste caso, cada computador é um nó na rede, que permite o compartilhamento de dados sem a necessidade de um servidor central.
Para entender, pense no sistema utilizado para baixar músicas e filmes em Torrent pela internet. Ao mesmo tempo que o seu computador (um nó) baixa o arquivo, também distribui os dados para outros computadores da rede. E não existe somente uma rede blockchain, mas várias, que podem ser públicas e privadas.
Na arquitetura Blockchain, sempre que um usuário recebe uma nova informação, automaticamente espalha esse dado para todos os usuários da rede, de forma idêntica e criptografada.
Dessa forma, a informação sempre está disponível na rede e, caso seja alterada, gerará um novo código (conhecido como hash), também distribuído para todos os membros. E é assim que se dá a confiabilidade, rastreabilidade e segurança das informações.
“A grande chave do Blockchain é retirar o intermediário das transações e permitir que qualquer pessoa faça trocas voluntárias”, afirma Domenico Lerario, CEO da Econobit, consultoria de investimentos em Bitcoin.
APLICAÇÕES
Em 2018 o banco HSBC realizou a primeira transação de comércio internacional utilizando a tecnologia Blockchain.
A mercadoria vendida foi um carregamento de soja da Argentina para a Malásia. A venda foi realizada pela Cargill – o comprador não foi revelado. A plataforma baseada em BlockchaIn utilizada pelo banco concluiu a negociação em 24 horas. No modo de venda tradicional, o prazo seria de cinco a dez dias.
“O Blockchain pode colocar o comércio na era digital”, afirmou o HBSC numa nota divulgada na época. O banco estima que, com a adoção em massa da tecnologia, será possível obter economia de 31% nos custos de negociações e de 44% no tempo gasto para finalizar as operações.
De acordo com Lerario, da Econobit, a tecnologia de registro de informações pode ser utilizada em diferentes mercados, como o de imóveis e logística.
“Um contrato digital inteligente pode delimitar as regras de transações, que seriam imutáveis e poderiam ser geridas por máquinas”, afirma o consultor. “Assim seria possível fazer gestão de estoque e reposição automática numa loja sempre que o inventário atingir um limite mínimo delimitado no documento”.
O Walmart trabalha em uma cadeia de suprimentos baseada em blockchain para rastrear e monitorar embarques e transações de mercadorias.
O objetivo é melhorar a segurança na indústria alimentar e reunir informações detalhadas sobre os fornecedores. Entre os dados armazenados estão a fazenda criadora, informações de processamento, data de venda, envio e validade dos produtos. Dessa forma, se torna mais fácil identificar casos de alimentos contaminados e retirá-los das prateleiras antes que chegue a casa do consumidor.
No Brasil, uma das startups que atua com Blockchain é a OriginalMy. O negócio tem cara de cartório do futuro. A tecnologia é usada para conferir autenticidade de documentos e certidões.
A empresa oferece uma plataforma que permite registrar em blockchain documentos digitais, contratos e identidade de pessoas. Também é possível assinar documentos por meio de um aplicativo móvel.
Os registros realizados pela OriginalMy podem ser utilizados para validar, por exemplo, criações originais, como logotipos de marcas, e contratos de venda de ativos.
Fonte: Diário do Comércio – Por Italo Rufino / Imagens: Thinkstock