GM/Chevrolet e Ford são as marcas que mais perderam participação em 2021 (PEDRO KUTNEY, AB)
Em cenário muito afetado por paradas na produção de várias fábricas de veículos no País por falta de semicondutores, a Fiat foi a que melhor soube aproveitar os espaços deixados no mercado pela concorrência. No primeiro semestre, a marca mais vendida do Grupo Stellantis na América do Sul emplacou 223,7 mil carros no Brasil, em crescimento de 105% – cerca de três vezes a média de mercado de 32% – sobre o mesmo período de 2020, aumentando sua participação nas vendas totais para 22,2%, ou quase oito pontos porcentuais acima do registrado há um ano.
Nenhuma outra das dez marcas de veículos mais vendidas do País este ano cresceu tanto quando a Fiat, que com isso consolidou sua volta à liderança do mercado brasileiro, algo que não acontecia desde 2015 – em 2016 foi ultrapassada pela GM/Chevrolet após 12 anos no topo do ranking, depois disso variou entre a segunda e terceira posições. Existem ao menos duas razões principais para tamanha reviravolta. A primeira foi o lançamento da nova picape compacta Strada já no meio de 2020, que com novas versões voltadas ao uso de transporte individual e familiar, fez sucesso instantâneo e tornou-se o veículo leve mais vendido no Brasil.
A segunda razão do sucesso da Fiat está em parte ligada ao mau desempenho de dois de seus principais concorrentes, os únicos que registraram queda de vendas no semestre em comparação com 2020, a começar pela GM/Chevrolet, que com duas de suas três fábricas no País paradas por falta de componentes, no primeiro semestre desceu sem escalas do primeiro ao terceiro posto do ranking nacional, com queda de 7,3% nas vendas (124,6 mil unidades) e perda de 5,2 pontos porcentuais de participação de mercado, que desceu para 12,4% – e continua caindo, ficando na sétima colocação com apenas 6,9% de market share quando se olha os números de junho isoladamente.
Outra que deixou caminho livre para a Fiat foi a Ford, que em janeiro passado anunciou o fechamento de suas três fábricas no País e o fim da produção nacional de veículos – justamente os mais vendidos. Com isso, a marca que tradicionalmente sempre ficou entre quarta e quinta mais vendida do mercado, no semestre passado desceu à décima colocação, com 24,7 mil emplacamentos, em forte queda de 59% na comparação com o mesmo período de 2020, o que resultou em participação de apenas 2,46%, perda de 5,5 pontos em relação a um ano antes. Em junho a Ford ficou na 13ª posição e 1,2% de share.
Parte significativa do desempenho da Fiat no semestre está ligada às vendas diretas, que representaram mais de 60% dos emplacamentos da marca no período, principalmente a locadoras, que no momento não encontram muitas outras opções de carros disponíveis e preços.
Além do espeço deixado neste mercado por Ford e GM, a Volkswagen também precisou paralisar fábricas ou reduzir o ritmo nos últimos meses. A marca ainda se segura na vice-liderança do mercado, com 165,3 mil emplacamentos no semestre e crescimento de 33% no período, em linha com a média do mercado, mas a participação de um ano para outro ficou estável em 16,4%, quase seis pontos atrás da Fiat.
JEEP, HYUNDAI E TOYOTA ENTRE OS VENCEDORES DO SEMESTRE
A segunda fabricante que mais ganhou participação também pertence ao grupo Stellantis: a Jeep, que no primeiro semestre alcançou 7,3% com a soma 2,2 pontos porcentuais, sua maior marca de todos os tempos no País, garantindo em um ano a ascensão da oitava para a sexta posição do ranking das mais vendidas no País, com 38,5 mil veículos emplacados, correspondente a crescimento expressivo de 90%, cerca de três vezes acima da média do mercado no período. E tudo isso com apenas dois modelos fabricados no Brasil, Renegade e Compass, que representam mais de 98% das vendas da Jeep por aqui.
A Hyundai também registra um dos melhores desempenhos do semestre. Conseguiu se estabilizar na quarta posição do ranking, com 95,4 mil emplacamentos e crescimento de 50,7% no período, conquistando mais 1,9 ponto porcentual de participação, agora em 9,5%. O hatch HB20 produzido em Piracicaba (SP) tornou-se este ano o segundo veículo leve e o primeiro automóvel mais vendido no Brasil, enquanto o também nacional SUV compacto Creta ocupa a nona colocação. Com os dois, a marca coreana liderou as vendas diretas de automóveis nos últimos seis meses.
Após o lançamento de seu SUV nacional, o Corolla Cross, a Toyota também vem apresentando bom desempenho e fechou o semestre na quinta posição do ranking das marcas mais vendidas, com 78,5 mil emplacamentos, crescimento em linha com o mercado de 33,6% sobre o mesmo período de 2020 e participação de 7,8%, quase igual à de um ano antes. Mas a marca japonesa vem em tendência de crescimento, em junho ficou na quarta colocação com 9,7% de market share.
Na ordem, Renault, Honda e Nissan fecham o ranking da sétima à nona posições, todas com crescimento no semestre de cerca de metade da média do mercado, de 16%, 17% e 14%, respectivamente. A Renault desceu um degrau, ultrapassada pela Jeep, enquanto as duas japonesas subiram um posto em relação ao mesmo período de 2020, não exatamente por causa de desempenho próprio, mas porque foram empurradas para cima pelo declínio acentuado da Ford, que em um ano desceu do quinto ao décimo lugar.
CAOA CHERY, PEUGEOT E CITROËN PODEM ULTRAPASSAR A FORD
No ritmo atual, a Ford tende ser ultrapassada por Caoa Chery, Peugeot e Citroën, como já aconteceu em junho. Ainda fora da lista das 10 mais no semestre, as três registraram crescimento robusto nos últimos seis meses e estão avançando no ranking.
Com 15,3 mil veículos emplacados no semestre, a Caoa Chery registrou expressivo crescimento de 107% na comparação sobre o mesmo intervalo de 2020, uma expansão pouco maior que a da Fiat. Com isso, ganhou 0,5 ponto de participação, ficando com 1,5%, na 11ª posição do ranking, que chegou a quase 2% em junho e garantiu o 10º lugar.
Já a Peugeot, outra fabricante do Grupo Stellantis, foi a marca que mais cresceu no primeiro semestre, 149%, com quase 12 mil emplacamentos no período, ganhando pouco mais de meio ponto e chegando a 1,2% de participação, que há um ano era menor que 1%. Com isso, a Peugeot subiu da 14ª para a 12ª posição do ranking.
A Citroën, também do Grupo Stellantis, de um ano para o outro inverteu posição com a irmã Peugeot, descendo do 12º para o 14º posto no último semestre, com cerca de 9 mil veículos vendidos, crescimento de 32,8% sobre igual período de 2020 e participação estável de 0,9%. Mas a Citroën tende a avançar mais este ano, já acelerou o desempenho no segundo trimestre do ano, com o dobro de vendas do primeiro, registrando em junho seu melhor mês de 2021 até agora, quando vendeu 2,5 mil unidades, foi a 12ª marca mais demandada e chegou a 1,5% de participação. Interessante notar que o resultado veio com apenas um modelo de fabricação nacional em linha, o C4 Cactus que representou a grande maioria dos emplacamentos em seis meses (7,3 mil), e duas vans importadas, a Jumpy (1,4 mil) montada no Uruguai e a Jumper francesa com insignificantes 76 unidades comercializadas. No segundo semestre a francesa ganhará o reforço do novo C3, que chegará repaginado com formas de SUV, o que deverá melhorar a performance.
Fonte: Automotive Business