O mercado automobilístico é um ramo em constante renovação e transformação. O advento de toda nova tecnologia tem a capacidade de até mesmo mudar a forma como os consumidores enxergam e usam os carros. Com o restante da sua cadeia produtiva, não é diferente. A mudança nos hábitos de consumo altera também a forma como as oficinas e o mercado de autopeças, em geral, operam.
O mercado de autopeças brasileiro é bastante grande e complexo. Estima-se que são cerca de 150 milhões de peças únicas, dos mais variados fabricantes e distribuidores, que atendem aos mais variados modelos de carros disponíveis no mercado. Essa complexidade enfrenta vários desafios, porém.
Desafios e oportunidades
A baixa adesão aos sistemas digitais pelo mercado varejista, bem como a baixa padronização nas informações técnicas e na aplicabilidade de cada peça, são algumas dessas dificuldades encontradas hoje. Elas se tornam ainda maiores quando o cenário atual exige uma cadeia de suprimentos mais integrada e tecnológica, principalmente por conta das vendas digitais.
A crescente eletrificação da frota de veículos e as demandas por mais sustentabilidade também têm alterado a dinâmica do mercado de autopeças, gerando novos desafios. Porém ainda há espaço para o tradicional. Afinal, as vendas de veículos usados seguem crescendo – 15% somente em 2024, segundo a Anfavea –, frente ao comércio de carros novos, indicando que haverá demanda por suas peças por um bom tempo.
As oficinas mecânicas, setor fundamental que fica entre o mercado varejista de autopeças e a indústria automobilística em si, também têm encontrado desafios e oportunidades em meio às mudanças. Mas é certo que quase não há mais espaço para o modelo tradicional. A digitalização é cada vez mais exigida, por meio de softwares e scanners automotivos, que oferecem diagnósticos mais rapidamente ou no que diz respeito à gestão.
A eletrificação dos veículos também oferece uma janela de oportunidades para as oficinas. Aquelas que se especializarem agora na manutenção destes veículos certamente sairão na frente. Para tanto, treinamento e investimento em ferramental e tecnologias adequadas se fazem necessários.
O aumento do uso de sensores e componentes elétricos, que já vinham em uma crescente, será ainda mais determinante para o mercado de autopeças e oficinas no futuro próximo. Ou seja, mais peças de reposição serão postas à venda e mais mão de obra especializada será necessária para realizar essas manutenções.
Projeções otimistas para o futuro
Assim, em termos gerais, o cenário é bastante positivo e promissor. É o que aponta um relatório da McKinsey. O estudo demonstra que o crescimento da venda de usados e o envelhecimento da frota, concomitante ao avanço dos elétricos, farão com que o mercado de autopeças dobre até 2040, ultrapassando 25 bilhões de dólares. O mercado de pneus, por exemplo, deve render um aumento de 150%, segundo o levantamento.
No mais, tecnologias como a Inteligência Artificial certamente se farão mais presentes em toda a cadeia. As novas formas de consumir os meios de transporte, que priorizam o uso ao invés da posse, como o carro por assinatura, também têm sido determinantes para trazer mudanças para todo o comércio varejista de autopeças e oficinas mecânicas, uma vez que mais manutenções corretivas são feitas e peças são utilizadas por esses serviços.