Bosch aposta em inovação e transformação digital

Bosch aposta em inovação e transformação digital

A empresa entende que o Brasil não vai caminhar tão rápido quanto outros países na eletrificação dos veículos (PAULO RICARDO BRAGA, AB)

“Atualmente um dos grandes desafios enfrentados pela indústria automotiva global é a falta de componentes eletrônicos, como os semicondutores, que já está refletindo inclusive na produção local. Os atuais entraves logísticos, assim como a falta de insumos, como o aço, e a forte desvalorização do real frente ao dólar elevam os custos de produção e impactam negativamente a venda de veículos no mercado brasileiro”, analisa Besaliel Botelho, presidente da Bosch América Latina, para definir o atual momento pelo qual passa a indústria automotiva.


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Apesar de admitir o momento crítico, ele está confiante que com a campanha de vacinação, juntamente com mudanças que ele entende como pragmáticas por parte do governo, proporcionará retomada gradual da economia projetando um aumento no PIB de 3,5% em 2021. Nesse cenário, ele espera um crescimento em torno de 25% na produção de veículos no Brasil.

A FALTA DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

“Estamos atuando diariamente com a nossa cadeia de fornecedores para garantir as entregas aos nossos clientes. O Brasil perdeu o bonde do investimento em componentes eletrônicos nos anos 90, quando o governo proibiu as empresas de investirem em sistemas digitais e por isso estamos sofrendo hoje”, diz o executivo.

Segundo ele, a questão é bastante sensível, pois a indústria automotiva não é tão expressiva no uso global destes componentes: representa 13% do total, enquanto computadores são 34% e equipamentos de comunicação 25%, e a demanda por estes dois últimos produtos aumentou consideravelmente durante a pandemia, lembra.

ESTRATÉGIA
Um dos principais diferenciais do grupo Bosch é a sua diversidade de atuação em diferentes setores de negócios. “Apesar da pandemia ter impactado o setor da mobilidade no que se refere ao fornecimento de peças e componentes para montadoras, outros setores de negócios da Bosch tiveram um excelente desempenho ao longo de 2020, como ferramentas elétricas e o aftermarket automotivo. Para nós, 2021 já se mostra tão desafiador quanto o ano anterior, mas estou certo que conseguiremos garantir a sustentabilidade dos negócios do Grupo Bosch na região”, pondera Botelho.

Para Botelho, neste momento adverso, uma das principais vantagens competitivas do Grupo Bosch é a sua diversidade de atuação em diferentes setores de negócios. “Sabemos como é importante investir em projetos de inovação no País. Só para ter uma ideia, nos últimos dez anos, a Bosch Brasil depositou 351 pedidos de patentes no país e no exterior. Destes, 47 já foram concedidos”.

Segundo o Ranking dos Depositantes Residentes de Patentes de Invenção (PI) divulgado no ano passado, a Bosch ficou em terceiro lugar entre as empresas que mais submeteram pedidos de patentes no Brasil em 2019. Botelho considera que a inovação é uma das principais alavancas para o crescimento do Grupo Bosch em todo o mundo e no Brasil não é diferente.

A JORNADA PARA A ELETRIFICAÇÃO
Botelho assegura que, mesmo com a ascensão dos sistemas híbridos e elétricos nos próximos anos, a Bosch continua atuando ativamente no aprimoramento das tecnologias a combustão visando uma condução mais eficiente, segura e sustentável. “Quando olhamos para o mercado brasileiro acreditamos que o sistema híbrido, em conjunto com a motorização flex, será a tecnologia com maior potencial e diferencial para o mercado local”, diz. E prossegue:

“O Brasil não vai caminhar tão rápido quanto outros países para a eletrificação dos veículos, em parte porque o País já tem o etanol, que atende exigências de redução de emissões”, esclarece Botelho.

Com a criação da tecnologia flex fuel, a Bosch ajudou a posicionar o Brasil entre os países que já têm hoje baixo índice de emissões de CO2 devido ao uso do etanol, matriz totalmente renovável. “Teremos carros elétricos e a célula de combustível, mas em velocidade mais lenta porque não vamos ter recursos necessários para investimentos já que o custo da eletrificação é altíssimo. Ainda assim, temos projetos locais bem sucedidos no campo de veículos comerciais pequenos de entrega como o e-Delivery da Volkswagen Caminhões e Ônibus”, avalia o presidente da Bosch.

ROTA 2030
Botelho considera que, muito além de incentivos, o mais importante para o País é contar com uma política industrial que atraia novos investimentos, especialmente no desenvolvimento de tecnologias disruptivas.

“O Rota 2030 é um marco importante que traz um norte para onde devemos nos orientar e estamos confiantes na sua continuidade inclusive pensando além de 2030. Entretanto, sabemos que o caminho para o sucesso também depende de um mercado competitivo, da redução do custo Brasil, bem como de reformas estruturais, como a tributária, além de investimentos importantes em infraestrutura”, diz.

A Bosch tem hoje cerca de 300 engenheiros atuando nos seus centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, sendo que mais de 90% deles em projetos com foco em soluções para uma mobilidade mais limpa, segura e eficiente, aponta o executivo. Entre os projetos em que está trabalhando, que conta inclusive com o aporte da Finep (através do edital Inova Energia) está o desenvolvimento de uma solução para aumentar a eficiência energética dos veículos a combustão, através da alteração da taxa de compressão variável. Outro exemplo é o projeto em que a empresa trabalha no campo de eletrificação de veículos comerciais.

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Fonte: Automotive Business

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