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Lideranças do aftermarket automotivo elegem principais temas do setor em 2024 e projetam destaques de 2025

08/01/2025

Participaram da roda de conversa Ranieri Leitão (Presidente do Sincopeças Brasil), Antonio Fiola (Presidente do Sindirepa Nacional), Heber Carvalho (Presidente do Sincopeças-SP) e Renato Fonseca (Presidente da Anfape)

Para traduzir a realidade do aftermarket automotivo brasileiro ao longo de 2024 e oferecer certo grau de previsibilidade sobre o que vem pela frente, convidamos algumas das principais lideranças do setor. Participaram da roda de conversa Ranieri Leitão (Presidente do Sincopeças Brasil), Antonio Fiola (Presidente do Sindirepa Nacional), Heber Carvalho (Presidente do Sincopeças-SP) e Renato Fonseca (Presidente da Anfape). Também foram convidados os presidentes da Andap, Rodrigo Carneiro, e do Sicap, Alcides Acerbi Neto, que não puderam responder até a data de fechamento da edição.

Novo Varejo – Qual foi a principal pauta que marcou o aftermarket automotivo em 2024?

Ranieri Leitão – Em 2024, o aftermarket automotivo foi fortemente marcado pela importância da mobilidade de baixo carbono e pela busca por práticas mais sustentáveis, reforçando a necessidade de adaptação do setor às novas exigências globais. Discussões estratégicas e eventos importantes, como a AUTOP 2024 e o Fórum de Integração do Aftermarket Automotivo Brasil, evidenciaram o papel fundamental das empresas na descarbonização e no desenvolvimento de uma mobilidade mais eficiente e moderna. Outro tema que ganhou relevância foi a falta de mão de obra qualificada, desafio que já se apresentou como um gargalo crítico e que se intensificou em 2024. A transformação tecnológica do setor exige cada vez mais profissionais preparados e comprometidos. Como resposta a essa realidade, criamos no Ceará – através do Sistema Sincopeças, Assopeças, Assomotos o Instituto Autop, com o propósito de capacitar técnicos profissionais e formar cidadãos alinhados às necessidades do nosso mercado – ação que poderá ecoar em todo o território nacional. A educação e a requalificação profissional tornaram-se pilares fundamentais para acompanhar a evolução do setor e garantir um futuro sustentável e competitivo.

Antonio Fiola – O fortalecimento da Aliança do Aftermarket Automotivo Brasil que reúne a Andap, Sincopeças Brasil, Conarem, Anfape, Asdap e Afer, entidades legitimamente representativas do mercado de reposição automotiva brasileira, reconhecidamente o quarto maior mercado do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. Tivemos um número relevante de parcerias realizadas e a mobilização para que o movimento do Right to Repair ganhe força se torne legislação no Brasil, assim como já acontece em outros países.

Também tivemos representatividade em eventos internacionais, como Automechanika, em Frankfurt, na Alemanha, e APEX, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Essa troca é muito muito importante e muito enriquecedora para avançarmos com questões relevantes para o desenvolvimento do aftermarket brasileiro.

Heber Carvalho – O que ficou em evidência foi a elevação da idade da frota automotiva, que obteve expressivo aumento por falta da comercialização de veículos novos. Consequentemente, registramos a expansão das vendas dos seminovos e o crescimento do fluxo da manutenção desses veículos, criando uma oportunidade significativa para o setor varejista de reposição e oficinas de manutenção e reparação automotiva.

Renato Fonseca – No mercado brasileiro de reposição, a principal pauta em 2024 foi o fortalecimento das cadeias de suprimentos locais e a consolidação da Aliança do Aftermarket Automotivo do Brasil. Essa união das entidades representativas dos diversos elos da cadeia tem sido crucial para promover interesses comuns, especialmente no que tange ao Right to Repair, o Direito de Reparar dos proprietários de veículos. Essa iniciativa visa a garantir que consumidores e reparadores tenham acesso a informações técnicas, peças de reposição e software, aumentando a competitividade e impulsionando o mercado de reposição. Além disso, com as interrupções nas cadeias globais causadas por eventos recentes, empresas brasileiras do setor se concentraram em aumentar a produção nacional e estabelecer parcerias estratégicas locais para garantir a continuidade do fornecimento. Esse movimento foi também impulsionado pelo crescimento do mercado interno, com uma demanda crescente por veículos mais antigos que exigem manutenção constante.

Novo Varejo – Olhando para 2025, quais devem ser os principais desafios e oportunidades para as empresas do setor?

Ranieri Leitão – Para 2025, o setor automotivo continuará num cenário de transformação, enfrentando desafios estruturais e explorando oportunidades estratégicas. Os principais pontos de atenção incluem:

1.      Escassez de Mão de Obra Qualificada: A falta de profissionais preparados continuará sendo um dos maiores desafios do setor. Será essencial investir em capacitação técnica e contínua, fornecendo talentos para atender às demandas crescentes de uma frota mais moderna e tecnológica.

2.      Adaptação ao Novo Perfil da Frota: A eletrificação, a hibridização e a modernização dos veículos exigem que as empresas ofereçam soluções técnicas e operacionais para acompanhar essa nova realidade.

3.      Inovação Tecnológica: A digitalização e o uso de ferramentas como Inteligência Artificial e Automação se consolidarão como diferenciais competitivos. As empresas que investem em inovação terão mais eficiência operacional e serão melhor posicionadas no mercado.

4.      Sustentabilidade: O compromisso com práticas seguras e alinhadas às metas globais de redução de emissões criará oportunidades para empresas que desenvolverem soluções responsáveis e eficientes.

5.      Consolidação e Eficiência Operacional: O cenário econômico exigirá mais eficiência nos processos e a criação de parcerias estratégicas para fortalecer a competitividade.

Antonio Fiola – O acesso às informações técnicas para a realização dos reparos é um ponto muito preocupante e que interfere diretamente nas atividades das oficinas, por isso trabalhamos para que o Right to Repair se torne uma legislação e capacitação técnica dos profissionais é outro desafio, principalmente, falando de manutenção de híbridos e elétricos.

Heber Carvalho – Os desafios sempre são as expectativas com os novos modelos que em pouco tempo chegarão ao nosso setor. As oportunidades surgirão para aqueles que preservam a qualidade das peças e suas origens. E, no caso do reparador, com maior qualidade dos serviços prestados.

Renato Fonseca – Para 2025, um dos principais desafios será lidar com a volatilidade econômica e as flutuações cambiais que impactam o custo das peças e insumos importados. Além disso, a informalidade no setor continua sendo uma barreira para o crescimento sustentável. Outro desafio crucial será avançar na garantia dos direitos de reparação do consumidor (Right to Repair), assegurando que os consumidores tenham acesso a informações técnicas, peças e softwares necessários para realizar reparos de maneira acessível e eficaz. No entanto, existem grandes oportunidades, como a expansão da digitalização nos processos de venda e distribuição. As plataformas online estão se tornando cada vez mais importantes para alcançar clientes em todo o País. Além disso, com a crescente conscientização ambiental, há espaço para o desenvolvimento e a oferta de produtos mais sustentáveis e recicláveis. As empresas que investirem em tecnologia e inovação estarão em melhor posição para capturar essas oportunidades.

Fonte: Novo Varejo

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