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Taxa de juros proibitiva atravanca crescimento de veículos leves

27/04/2023

Por Fernando Miragaya

O mercado de vendas de veículos leves no Brasil poderia até crescer mais não fossem as restrições ao crédito a uma taxa Selic “proibitiva”. Essa é a principal conclusão do mais recente levantamento da S&P Global, apresentada no Up Next, evento promovido pela Automotive Business durante a Automec 2023.

O estudo da consultoria, em uma análise a curto prazo, mostra que o mercado brasileiro deve entregar 2,14 milhões de unidades em 2023. O que representará um crescimento de 9,2%, porém, sobre uma base bem baixa como foi a do ano passado.

Para Fernando Trujillo, sócio da S&P Global, o melhor acesso ao crédito e a diminuição dos juros poderia configurar um resultado melhor. O executivo cita outra projeção da consultoria, que considera cenários macroeconômicos e a longo prazo, que indicaria um mercado de veículos leves em 2023 na casa dos 2,65 milhões de unidades. Ou seja: um gap de 500 mil unidades.

“A taxa Selic está super elevada e se formos falar de taxa de juros específica para veículos leves, ela está quase em 29%. É uma taxa proibitiva para aquisição de veículos. A disponibilidade de crédito vem aumentando, porém para uma faixa de consumidor menor. Quem precisa do crédito, o consumidor de baixo poder aquisitivo, não está conseguindo”, analisa Trujillo. 

Juros, inadimplência e crédito caro afetam mercado

O sócio da S&P Global cita números que têm impacto direto no mercado de veículos leves. A Selic de atuais de 13,75% e a taxa de inadimplência em torno de 5% afetam o acesso ao crédito. O que se reflete na participação de veículos financiados, que ficou em 30% em 2023, bem distante dos 50% de quatro anos atrás.

Para a consultoria, o cenário pode até ensaiar uma melhora no segundo semestre, mas o otimismo está mais reservado para 2024. Isso porque, na visão da S&P, a taxa Selic não deverá reduzir tanto este ano, e permanecer acima dos 12%.

A perspectiva são por juros menores no ano que vem. Em um cenário com inflação dentro das metas e melhora na disponibilidade de crédito, as vendas de veículos leves tendem a ter um crescimento mais significativo.

“Uma queda mais acentuada da taxa de juros a partir de 2024 ajuda muito o setor automotivo. A inflação começa a reduzir, caindo para níveis mais aceitáveis e dentro da meta, em torno de 5% no fim de 2023”, diz.


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A estagnação nos preços dos automóveis também se mostra favorável. Depois de um aumento médio de 50% no valor dos veículos leves nos últimos cinco anos (já descontando inflação), o setor aponta para uma normalidade.

“Ao observar os últimos quatro, cinco meses, os preços estabilizaram. Nossa projeção para o curto prazo é que não haverá grandes picos de reajustes, só acompanhamento natural da inflação”, adianta Fernando Trujillo.

Obstáculos no caminho da retomada

Contudo, há riscos no caminho que podem afetar tais projeções e que devem ser considerados, na análise da S&P. Principalmente no âmbito político.

“Existe o risco de travamento na política, atraso em reformas necessárias no Congresso, como a tributária. E o arcabouço fiscal, que não foi muito bem recebido pela indústria. Isso é um ponto bastante negativo que pode trazer reflexos no curto e médio prazo na nossa economia”, alerta o executivo.

Isso sem falar, novamente, na questão dos juros. Em fevereiro, inclusive, as montadoras solicitaram publicamente uma revisão da taxa Selic.

“A recuperação acontece. Lenta, mas está acontecendo. Os estoques estão regularizados e a falta de insumos tem muito menor impacto do que nos últimos dois anos. Porém existem os riscos na produção, se a demanda não se consolidar e não houver redução na taxa de juros”, observa o sócio da S&P Global.

Fonte: Automotive Business

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